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Chinatown (1974): como esse filme transformou a corrupção em arte e a justiça em ilusão?

Chinatown é um dos filmes mais emblemáticos da Nova Hollywood e uma poderosa metáfora sobre a corrupção, o poder e a impotência humana diante de sistemas intransponíveis. Ambientado na Los Angeles dos anos 1930, o longa acompanha o detetive particular Jake Gittes (Jack Nicholson) em uma investigação que começa como um simples caso de adultério e se transforma em uma teia de crimes, chantagens e tragédias familiares.

Ao investigar a morte do engenheiro Hollis Mulwray, Gittes descobre uma conspiração envolvendo o desvio de água em plena seca — parte de um plano para desvalorizar terras agrícolas e comprá-las a preço baixo. O esquema é liderado por Noah Cross (John Huston), magnata e sogro de Mulwray, que manipula o poder público e empresarial para controlar a cidade.

A trama ganha contornos trágicos quando Evelyn Mulwray (Faye Dunaway), filha de Cross, revela que a jovem Katherine é ao mesmo tempo sua filha e sua irmã, fruto do abuso incestuoso do pai. Ao tentar fugir com a garota, Evelyn é morta pela polícia em Chinatown, enquanto Cross leva Katherine — símbolo da perpetuação da corrupção e da impotência da justiça. O filme termina com a célebre frase: “Forget it, Jake. It’s Chinatown.”

Inspirado nas “Guerras da Água” da Califórnia e em figuras como o engenheiro William Mulholland, o roteiro de Robert Towne combina fatos históricos e ficção noir. A produção foi marcada por conflitos intensos entre Towne, Polanski e o elenco, resultando em um final sombrio imposto pelo diretor, que consolidou o tom fatalista da obra.

A trilha sonora de Jerry Goldsmith, a fotografia naturalista de John A. Alonzo e o desempenho de Nicholson contribuíram para o status lendário do filme. Chinatown recebeu 11 indicações ao Oscar, venceu Melhor Roteiro Original e é considerado um dos maiores filmes americanos de todos os tempos.

Mais do que um thriller policial, Chinatown é uma reflexão amarga sobre a degradação moral, o poder patriarcal e a falência das instituições. A cidade que brilha por fora, mas apodrece por dentro, torna-se alegoria universal de qualquer sociedade onde a verdade é sufocada e a justiça é apenas uma ilusão.

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