E a maravilhosa minissérie britânica da Netflix Adolescência, que está dando o que falar, logo de cara me permite destacar a cena entre a psicóloga Briony Ariston (Erin Doherty) e o acusado Jamie Miller (Owen Cooper), de apenas 13 anos. Essa cena dá ênfase aos traços psicóticos do adolescente e, ao mesmo tempo, destaca a habilidade de Briony ao tentar extrair tudo o que ele tem a dizer. É um espetáculo à parte.
Elogiar o elenco seria o mais do mesmo, já que todos estão falando sobre isso. Mas, na parte técnica, é bom lembrar que as cenas são gravadas em plano sequencial. Lembra do filme 1917, que venceu o Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 2020? Pois é, é algo bem parecido. A cena mencionada, que teve quase 50 minutos de duração, foi gravada em um único plano sequencial. Ou seja, se houvesse um erro sequer, tudo teria que ser refeito do início. Imagine o trabalho! Senhores, deu vontade de ficar de pé em frente à TV e aplaudir por 17 minutos (risos).
Além disso, a série nos faz questionar constantemente sobre nossa trajetória como pais, fazendo com que nos identifiquemos nos erros e acertos dos personagens. Será que estamos sendo bons pais? Os adolescentes passam horas no computador, e você sabe o que eles veem ou o que fazem quando estão sozinhos no quarto, diante do PC? A série também reflete sobre os perigos das redes sociais e o bullying digital. Para confessar, eu mesmo estou há dois dias sem dormir, pensando nisso (risos).
Enfim, uma obra digna de premiações. Acho até que dificilmente alguém vai superar esta série este ano.