Sim, será assistido O Auto da Compadecida 2, mas não por entusiasmo, e sim por respeito ao cinema nacional. É importante expressar ressalvas quanto à continuação dessa obra, que, por sua importância, é um clássico e deveria ser tratada com muito mais cautela. A sequência parece mais uma tentativa de contornar a crise do cinema nacional e dar visibilidade a alguns atores em baixa. A decisão de revisitar essa história é, no mínimo, arriscada. Existem filmes que, pela sua grandeza e impacto cultural, não precisam ser mexidos.
O que preocupa é que, pelo que foi visto no trailer, o que antes era genuinamente cômico e carregado de significados agora parece sucumbir a uma espécie de “forçação” narrativa, parecendo, às vezes, um filme de Os Trapalhões em suas piores épocas. As caricaturas, antes bem dosadas e orgânicas, agora parecem exageradas, quase uma paródia de si mesmas. O Auto da Compadecida não precisa de uma continuação, e qualquer tentativa de dar seguimento a essa história pode diluir sua importância e transformá-la em um produto de crise criativa.