A habilidade da Arte em causar impacto é uma constante ao longo da história. Um exemplo marcante é a Semana de Arte Moderna no Brasil, iniciada em 11 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Inicialmente, ela não foi bem recebida pelo público devido à peculiaridade das obras apresentadas. Pinturas e esculturas eram consideradas estranhas, e os poemas eram recitados entre vaias e protestos. No entanto, essa feira, embora tenha durado apenas três dias, é agora reconhecida como o maior evento cultural na história da arte brasileira. Outros artistas renomados, como Rembrandt, com sua obra “O Monge no Campo de Milho”, e Katsushika Hokusai, com “A Planta Adonis”, também chocaram o mundo com obras explicitamente provocativas.
A questão sobre o limite da arte permanece relevante. É possível separar a arte do profano? Um exemplo contemporâneo é a exposição Queermuseu (2017), que reuniu obras de 85 artistas, incluindo os renomados Alfredo Volpi e Cândido Portinari, no museu de Porto Alegre.
A exposição foi alvo de críticas por parte da ala conservadora, resultando, para alguns, em uma percepção negativa em relação à arte e à modernidade. A Arte, em sua essência, desempenha o papel de chocar, impactar, contrariar e até mesmo se opor a determinadas questões. É crucial, no entanto, considerar com atenção a reciprocidade. Lembrar que a arte não é exclusiva, mas sim para todos, devendo ser conceitual, moderna e subjetiva. Infelizmente, em um país como o Brasil, qualquer abordagem artística deste calibre deve ser cautelosa. Não se trata de força, mas sim de um raciocínio artístico refinado.
Além disso, surge um paradigma considerável. Até que ponto vale a pena transformar a arte em uma discussão? Quem sai ganhando, a arte ou o capitalismo? Até que ponto vale a pena submeter a arte a um embate que não só fragiliza sua natureza provocativa, mas também alimenta conflitos? É crucial refletir sobre quem verdadeiramente se beneficia nesse cenário: a arte, como meio de expressão e reflexão, ou o capitalismo, que muitas vezes pode instrumentalizar essas controvérsias para seus próprios fins.
É fundamental que a apreciação da arte e as discussões em torno dela sejam conduzidas com respeito mútuo, promovendo um ambiente propício para a diversidade de pensamentos e interpretações. O verdadeiro ganho reside na capacidade da arte de ampliar horizontes, inspirar reflexões e contribuir para o enriquecimento cultural da sociedade.