Se o país depender das TVs abertas para promover qualquer forma de diversidade, mesmo que em pequena escala, estará tudo acabado. Essas empresas, cuja existência é respaldada por concessões estatais, sempre apresentaram total incoerência quando o assunto é diversidade. Mas por quê?
Antes, vale destacar que a TV aberta, para aqueles que ainda a utilizam, transformou-se em um tipo de saudosismo da comunicação, um Museu brasileiro, algo que nos orgulhamos e desejamos que perdure como um artigo de luxo, assim como o Vinil representa hoje. No Brasil, a maioria dos telespectadores tem 35 anos ou mais, nascidos na era áurea dos transmissores, antes da popularização da internet.
Existem diversas explicações para isso, incluindo aspectos sociais advindos do imediatismo tecnológico, mas a razão mais simples é a “internet”. A possibilidade de assistir algo quando e onde quisermos é incomparável. No entanto, a TV aberta possui uma característica que a internet ainda não superou: a transmissão ao vivo.
A rapidez da transmissão da TV da aberta ainda é inigualável, especialmente no Brasil, onde a internet ainda deixa a desejar em termos de velocidade. Quem nunca ouviu: “Caiu a LIVE!” Apesar da ascensão do streaming, a Internet, pelo menos no Brasil, ainda não alcançou territorialmente a qualidade das transmissões da TV aberta, o que pode prolongar a vida útil das emissores nacionais.
Retornando à questão da diversidade, recentemente, ao receber um teaser da nova programação do SBT, fiquei surpreso ao notar a ausência de pessoas negras ou pardas. Vale mencionar a presença de Tirulipa, influenciador e filho de Tiririca, ex-parlamentar, cuja inclusão não é totalmente convincente. Esse padrão, que lembra a ideia de “cota convincente”, é observado não apenas no SBT, mas também na Record, Band e, de forma marcante, na Jovem Pan. Essa falta de diversidade não se restringe aos apresentadores; ela se estende aos funcionários, resultando em uma presença muito limitada de indivíduos negros ou pardos nos corredores dessas emissoras.
Em um país onde 60% da população é negra ou parda, é estranho que uma emissora apresente apenas pessoas de pele clara, reforçando o desrespeito à comunidade negra. No caso do SBT, a emissora, mesmo com “sistema brasileiro” nas siglas, não reflete a cultura brasileira, apresentando uma completa carência de diversidade. Não podemos esquecer a Globo, que, em meio a desafios, ainda possui algum grau de diversidade, embora não totalmente convincente.
Independentemente da posição, a TV desempenha um papel crucial na formação de opinião e na construção de narrativas culturais, sendo um instrumento político necessário. A ausência de pessoas negras ou pardas pode intensificar a marginalização desses grupos na sociedade.
É primordial que as emissoras de televisão reconheçam essa lacuna e empenhem-se ativamente em promover a diversidade em suas equipes. A inclusão de profissionais de diversas origens é fundamental para criar uma programação mais representativa, capaz de ressoar com a audiência diversificada do país e contribuir para uma sociedade mais inclusiva.