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A QUALIDADE DA MÚSICA GOSPEL ESTÁ EM DECLÍNIO?

Dentro do cenário artístico, uma das poucas regras estabelecidas é que “menos é mais”. Apesar de alguns críticos não apreciarem esse clichê, existe, de fato, uma fronteira tênue entre a modernidade e o exagero. Em outras palavras, o moderno muitas vezes é tão simples quanto é antagônico, enquanto o extravagante é patético.

No caso da nova música gospel, observa-se um certo exagero cênico minimamente musical, o que não é desabonador, mas gradualmente diminui a qualidade das composições. Nesse estilo musical, a reflexão talvez seja considerada menos importante; basta entregar-se ao transe provocado pelo som dos instrumentos e pelas explosões mentais.

Segundo o autor Marco Aurélio Padovan Junior, em “Compêndio De História Da Música Geral E Brasileira”, certas músicas caracterizadas por mantras, rezas e transe existem desde os primórdios e eram utilizadas em rituais místicos, sem nenhum apelo teológico, é claro.

Alguns mitos narram que a música foi um presente dos deuses, descontentes com o silêncio no mundo dos humanos (ALENCAR, Valéria Peixoto de. A Música como Parte do Ritual Religioso. Disponível em <goo.gl/MMvDWF>. Acesso em 11 ago. 2016).

A presença do misticismo na história da música é evidente, no entanto, em uma perspectiva lógica e racional, a música influencia não apenas o corpo, mas principalmente a mente. Assim, ela pode proporcionar benefícios e malefícios ao cérebro, afetando não apenas quem a executa, mas também quem a ouve.

O efeito anestésico provocado por esse tipo de música, atualmente popular entre os jovens evangélicos neopentecostais, é satisfatório, mas não é convincente. Como qualquer transe psíquico, o efeito é efêmero, podendo resultar em dependência, levando o corpo a submeter-se às emoções, prevalecendo a vontade, as paixões e não a consciência. Em outras palavras, nada do que ocorre no transe causado por esse tipo de música tem a lucidez do evangelho; são apenas transes aguçados por programações neurais que fazem as pessoas esquecerem de si mesmas por alguns minutos, ou melhor, esquecerem dos problemas.

Até então, não há nada de errado nisso; isso existe em todas as religiões. A questão surge quando a música se torna tão potente ao ponto de reduzir o que se chama de evangelho apenas a isso. Alguns não percebem a grandeza desta reflexão e apenas se deixam levar. É verdadeiramente lamentável ver a música gospel brasileira, que em pouco tempo ascendeu do mercado amador para o cenário mundial, perder tanta qualidade.

AURÉLIO, Marco. Compêndio De História Da Música Geral E Brasileira. São Paulo: Clube de Autores. 2016.

ALENCAR, Valéria Peixoto de. A Música como Parte do Ritual Religioso. Disponível em < goo.gl/MMvDWF>. Acesso em 11 ago. 2016

LIMA. Patrícia; MARIA. Rosana. Efeitos cognitivos e fisiológicos dentro da mú-sica. Disponível em: <http://musicaeadoracao.com.br/21654/musica-e-cognicao>. Acesso em 15 ago. 2016.

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