Refletindo sobre a evolução desde 1500, percebe-se que a sociedade mundial passou por transformações profundas nos campos industrial, religioso e intelectual. Entretanto, em 1500, o Brasil estava imerso no processo de descobrimento (ou invasão), o que confere ao nosso país um status de nação jovem. Em outras palavras, enquanto outras regiões do mundo já progrediam em melhorias em várias áreas, o Brasil ainda encontrava-se em sua fase inicial. Isso levanta a questão de saber se essa experiência contribuiu para a perplexidade cultural que enfrentamos atualmente.
Ao analisar nossa expressão artística, surge uma questão fundamental: qual é a essência brasileira? A cultura indígena muitas vezes é relegada a um papel secundário, frequentemente limitada aos confins dos livros escolares. Isso adiciona uma camada de complexidade à nossa busca identitária, um fenômeno que já se evidenciava desde a Semana de Arte Moderna em 1922. Nessa ocasião, nossos artistas tentavam encontrar, a partir de um contexto social, uma identidade distinta dos padrões europeus. No entanto, essa busca se deparou com desafios, uma vez que os mesmos artistas precisaram estudar na Europa, resultando na involuntária mescla de influências em nossa arte.
É um fato que a sociedade brasileira está constantemente em busca de sua identidade, tanto no cenário cultural quanto artístico. Essa lacuna possivelmente explica nossa dependência da mídia, que frequentemente desempenha o papel de definir e apresentar o que é reconhecido como cultura brasileira. No entanto, apesar dos esforços para popularizar o Funk Carioca, o Brega paraense, o samba (ou pagode) e outros estilos, é importante destacar que essas expressões maravilhosas não são originárias do Brasil; elas têm origens estrangeiras. O mesmo ocorre na literatura e em outras formas de manifestações artísticas, e não há nenhum demérito nisso. Afinal, somos um país jovem, muito bem composto por imigrantes, que constantemente experimenta sua diversidade, e todas as formas de expressão são válidas. O que não é aceitável é nos sentirmos perdidos e permitir que a publicidade, o marketing e outros elementos da grande rede determinem nossa cultura.
Possivelmente, essa realidade intensifica a crise identitária e cultural que estamos enfrentando, uma questão que se desenvolveu ao longo do tempo e se manifestou de maneira notável em nossa diversidade de influências. Portanto, ao analisar nosso panorama cultural, é importante explorar as diversas raízes que o compõem e reconhecer a necessidade de cultivar a criatividade. Devemos incentivar a formação de criadores, artistas originais. Não permitamos que nossas novelas se transformem em séries de streaming, nem que nossa estética se perca. Nossos filmes devem contar nossa história e evidenciar nossas riquezas. Não devemos nos envergonhar de nossas cores. É necessário cultivar mais orgulho por nossa terra e descobrir que nosso país é o melhor do mundo. Este é o lugar ideal para estar, criar, progredir e prosperar. Aqui é o nosso espaço, o nosso solo. Para construirmos nossa identidade, é preciso ter orgulho incondicional de sermos brasileiros.